quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Como é maravilhoso se entregar...

De tudo que já ouvi falar sobre o amor, em nenhum momento ouvi falar de meia entrega. Afinal, ninguém meio que ama, ninguém meio que se entrega.

Amar é de fato se desfazer-se de si. É utopia não querer sair do chão por receio de ter que retornar ao mesmo lugar , um dia. E encontrar alguém não significa dar fim à busca, dizimar os problemas.

Com o amor outros problemas virão, mas serão de certa forma amenizados, pois temos o outro para nos ajudar, nos proteger, nos embalar, vão-se os amargos e azedos, vêm os salgados ou os demasiadamente doces.

E a cabeça entende quando é a alma que vem e pede baixinho... Se permita, não há outro jeito. Do contrário, não interromperá essa ciranda da vida de dar o que não se tem somente para agradar pessoas que você realmente não ama, e que não te amam também.

Eu me vejo aqui do alto dos meus 42 anos, sentada em uma nuvem equivalente ao ponto maior que uma doce entrega pode me propiciar.
Me entreuei sim, mas essa doce entrega foi somente aquele que conseguiu me tocar de verdade.

Jamais vou enganar alguém, não ficarei com ninguém por ficar, tentando amar, experimentar ou mesmo para esquecer um outro alguém,isso pra mim é usar... Preciso me zerar para recomeçar, e estou em contagem regressiva.

Assim como não vou dizer que amor não dói. Amor dói sim, mas nem sempre é igual. Na maioria dos dias ele, não queima, simplesmente aquece, ele não tortura ele entorpece.
Só precisamos escolher entre uma estrada e outra. Se o amor é clichê, a falta dele é lugar comum e viver é um abastado chavão de mal gosto.

É preciso soprar a chama que faz brilhar mesmo em dias nublados, é preciso cantar alto para ouvir a voz interior, provocar risos verdadeiros e gargalhadas sonoras para se sentir viva.

É preciso parar com essa neurose de não querer saber a verdade, de não se permitir sentir tudo que o amor tem para dar e é preciso ainda, largar tudo e desfrutar do prazer de viver sem medo de se machucar ou de quebrar a cara.

Talvez essa tenha sido a maior besteira que fiz ou que disse, mas garanto a todos vocês, existem pares muito mais infelizes do que eu, todos assim...fazendo de conta como você que esta lendo agora.

Brincando de casinha, caçando paixões dia ápos dia, simulando e fingindo alegrias, vivendo como que em um set de filmagens sendo ao mesmo tempo ator e telespectador, sem aplauso e sem sucesso.

Eu não! Eu tracei o meu caminho diferente... acreditei que mais valia a pena fracassar vivendo as coisas do meu jeito do que vencer me anulando, arrependida por não ter feito ou falado tudo o que eu sentia.

Eu me recuso a perdoar aqueles que fracassam sem ao menos tentar e não entendo - ou não quero - entender aqueles que temem amar e serem felizes, sem se arriscar nessa busca. É como atravessar um rio remando com esforço, dentro de um barco a motor.

Então, meu amor, estendo minha mão, morrendo de medo mas cheia de coragem igualmente, sem levar nada tão a sério, ignorando todas as regras impostas, toda a vã filosofia de explicar sensações dentro da arte de amar.

Estou aqui no chão, eu desci, pra mais tarde poder te acompanhar na subida, te levando ou me deixando levar. Venha preencher minha aquarela de cores, para podermos pintar a vida de caos, dilatação, equações, sorte, alegrias e carinhos e até de alguns deslizes... Mas venha no tempo que for se entregar para mim, sem medo de ser feliz, sem medo de me fazer feliz.



Se entregue como as flôres se entregam...
Sem medo de um dia serem arrancadas da segurança da terra.